quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ExNEL NEGRA: uma grande missão

A ExNEL em seu último encontro nacional realizado na UFPB - Campus João Pessoa - Paraíba, aprovou mediante proposta de seu antigo (e primeiro secretário nacional) Law Araújo (UCSal/Salvador/Bahia) que neste mesmo encontro foi eleito Coordenador Geral do Nordeste. A proposta foi de alteração do nome da pasta de Secretaria Nacional de Combate ao Racismo para Secretaria Nacional de Políticas de Igualdade Racial.

A nova secretária nacional a piauiense Olivânia dará continuidade ao desafio, a grande missão que é a de enegrecer a ExNEL e seus encontros, debates e mesas.

Sucesso a gestão 2010/2011 e assim me despeço do cargo mantendo-me à disposição e ao serviço da Promoção da Igualdade Racial.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

SALVADOR: TERRA DE NEGROS COM ELITE ESCRAVOCRATA!

SALVADOR: TERRA DE NEGROS COM ELITE ESCRAVOCRATA!

Salvador foi a primeira capital brasileira, fundada em 29 de março de 1549. Também conhecida pelos epítetos: “Roma Negra” por ser a cidade com o maior percentual de negros fora da África; e “Meca da Negritude" por atrair um número cada vez maior de turistas afroamericanos em busca de informações sobre seus ancestrais. Salvador é a cidade com o maior número de descendentes de africanos no mundo, vindos de Benin, Gana, Nigéria e Togo. Entretanto essa cidade histórica e reconhecida mundialmente pela diversidade da sua cultura não consegue progredir como civilização. Salvador conhecida, também, como “Cidade Alegria” devido aos festejos populares, destaque para o Carnaval – a maior festa de rua do mundo, tem números estarrecedores quanto à questão social. A renda per capita de Salvador só ganha de Teresina – capital do Piauí, estado mais pobre do Brasil; a taxa de desemprego de Salvador, em outubro de 2009, segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico), foi de 18,7%, a maior taxa de desemprego das capitais brasileiras. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Salvador, segundo o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em alguns locais têm indicadores melhores que os da Noruega (País de melhor IDH no mundo) e em outros amargam uma situação pior que a da África do Sul, igualando-se a Namíbia (o segundo pior IDH do mundo). Salvador é a terceira maior população do Brasil (2 998 056 – Jul/09 IBGE), entretanto seu PIB (Produto Interno Bruto) é o décimo primeiro (R$ 26 727 132 000), ficando atrás de cidades que têm uma população menor que a METADE da população de Salvador, como Duque de Caxias – RJ, Guarulhos – SP e Campinas – SP. Quanto às estatísticas policiais, os números de Salvador são ainda mais estarrecedores. Nos meses de setembro, outubro e novembro de 2009, Salvador registrou 469 homicídios (Fonte: Centro de Documentação e Estatística Policial da Secretária de Segurança Pública do Estado da Bahia), o que equivale a 15,64 homicídios para cada 100 mil habitantes. Para ter um parâmetro trago à baila os números da cidade do Rio de Janeiro, considerada por muitos como a cidade mais violenta do Brasil. Nos meses de setembro, outubro e novembro de 2009, a cidade do Rio de Janeiro registrou 486 homicídios (Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro), o que equivale a 7,85 homicídios para cada 100 mil habitantes (população da cidade do Rio de janeiro: 6 186 710 – Jul/09 IBGE). Ou seja, o número de homicídios em Salvador é o dobro da cidade do Rio de Janeiro. Em 2008, Salvador registrou 1733 homicídios, o que equivale a 57,80 homicídios para cada 100 mil habitantes. Portugal, que é o país com a MAIS ALTA taxa de homicídios da Europa Ocidental, segundo o Departamento de Drogas e Crime das Nações Unidas, tem o índice de 2,15 homicídios por 100 mil habitantes. Até quando Salvador vai ficar “gastando gente”?Salvador nunca viveu legitimamente uma democracia, pois a sua população, formada de 84% de afrodescendentes, nunca teve um prefeito negro eleito pelo povo. Lá, para a grande maioria dos políticos, o negro só serve para votar, jamais ser votado. Que diga o Dep Fed Luiz Alberto o quanto articulou para ser uma alternativa negra para a Prefeitura de Salvador. Ou João Jorge, que na presidência do Olodum fez com que a logomarca da banda, no exterior, perdesse apenas para o Cristo Redentor e a praia de Copacabana como um dos símbolos brasileiros mais conhecidos que reportam os estrangeiros ao Brasil. Apesar da Bahia ser conhecida no exterior graças ao ritmo do Olodum, seu Presidente ainda não tem assegurada uma vaga para poder disputar o Senado nas próximas eleições. Vou torcer muito para que os soteropolitanos “empreteçam” a política, elegendo, além dos poucos que já estão, Tonho Matéria, Jorge Portugal, Sérgio São Bernado, João Jorge, dentre outros que se destacam na mitância em busca de mais oportunidades e igualdade para a população afrodescendentes. Ah... Salvador tem uma Secretaria de Reparação (SEMUR), onde o Secretário está mais desorientado que cego no meio de tiroteio. Sem querer ser deselegante, no dia que ele atender meu telefonema, vou dizer para ele: ou você pede ajuda para estabelecer metas e consolidar projetos ou PEÇA PRA SAIR!O carnaval é uma demonstração transparente da política escravocrata que predonima em Salvador. A banda "Chiclete com Banana" e a banda "Asa de Águia" recebem milhões dos cofres públicos para tocar no carnaval da Bahia. Por que ninguém divulga isso? Sozinho, "Chiclete com Banana" ou "Ásia de Águia", recebe mais dos cofres públicos do que todas as bandas e cantores Afro reunidos, Olodum, Ilê, Os Negões, Muzenza, Tonho Matéria, Lazzo, dentre outros. Diferentemente de Nizan Guanaes, gosto do Bell e do Durvalino, mas acho que os milhões do cofres públicos poderiam ter destinações diferentes. Por que não melhorar as condições de trabalho dos policiais e dos cordeiros, que trabalham em condições análogas a escravos? Ou melhorar a infraestrutura do carnaval para aqueles que não podem pagar a fantasia dos blocos ou a camisa dos camarotes, e que são a grande maioria dos soteropolitanos? Muitos desses não conseguem emprego porque muitas empresas e shopping de Salvador só recebem currículos com foto, para não incorrer no risco de contratar um negro sem saber.Os empresários de Salvador, não todos – a grande maioria, compartilham do mesmo pensamento do Cônsul haitiano: “todo lugar que tem africanos tá f...”. E eles conseguem influenciar nas estatísticas religiosas, pois Salvador, que tem milhares de adeptos das religiões de matrizes afro, segundo o IBGE este número é desprezível, pois na sua estatística, Salvador tem: 58,74% de católicos, 18,14% sem religião, 15,13% protestante e 2,53% espírita. Cadê os adeptos do candomblé? Por que não se declaram? Respondo: receio da intolerância religiosa que a “Roma Negra” vive até hoje. A elite escravocrata faz com que Salvador regrida!Terminarei este artigo de forma diferente, com exposição de fotos, logo abaixo, onde uma delegada de Salvador, de forma exibicionista, expõe suas “presas”, algumas delas, pais de família, de boa índole, que foram reconhecidos pelos meus amigos. Esta delegada tem espaço na mídia soteropolitana, que a denomina de "deleGata" – eu pensava que ela tinha espaço por ser loira. Mas diante destas fotos, fazendo pose - de arma em punho - diante de várias pessoas (NEGRAS) que passavam pelo constrangimento de serem revistadas, agora, tenho certeza que ela tem espaço na mídia por REZAR a mesma cartilha da ELITE ESCRAVOCRATA SOTEROPOLITANA. Será que ela tem a mesma postura quando prende - se é que ela prende - os suspeitos que praticam crimes de colarinho branco? Por fim, é lamentável e muito triste concluir isso: SALVADOR É TERRA DE NEGROS COM ELITE ESCRAVOCRATA!


Esse e os textos abaixo (02) foram extraídos do blo http://www.capitaomarinho.blogspot.com/

VALORIZAÇÃO POLICIAL: UM DEVER DE TODOS OS CIDADÃOS BRASILEIROS!


VALORIZAÇÃO POLICIAL: UM DEVER DE TODOS OS CIDADÃOS BRASILEIROS!

Nas sociedades organizadas, politicamente, através de leis, o papel da polícia é representar o Estado na ocupação dos espaços para regular conduta ou evitar qualquer fato ameaçador à ordem social. No Brasil, a polícia tem como atribuição constitucional garantir a ordem pública e a incolumidade das pessoas e patrimônios.A polícia foi criada no Brasil com a chegada da Família Real, em 1808, e sua atribuição se resumia a desenvolver um trabalho de repressão criminal contra determinados seguimentos da sociedade – escravos, pretos livres e “vadios” – que violavam as regras de comportamento estabelecidas pela elite política que criou a polícia e dirigia a sua ação. A polícia, na grande parte da sua história, prestou serviços às classes dominantes economicamente, a governos e a regimes políticos. Entretanto, nos tempos atuais, o Brasil vem se consolidando como um Estado Democrático de Direito, onde não cabe espaço para clientelismo (uso da força pública em proveito privado), nem políticas ocasionais, ou seja, as ações policiais tendem a beneficiar toda a população, sem qualquer tipo de discriminação.
Com a consolidação do Estado Democrático de Direito, surge novos anseios por parte das pessoas para com os policiais. Trago à baila um pensamento que realmente traduz a realidade sobre as expectativas que os cidadãos têm do policial. Segundo August Vollmer:
“O cidadão espera do policial que ele tenha sabedoria de Salomão, a coragem de Davi, a força de Sansão, a paciência de Jó e a autoridade de Moises, a bondade de um bom samaritano, o saber estratégico de Alexandre, a fé de Daniel, a diplomacia de Licon e a tolerância do carpinteiro de Nazaré e, enfim, um conhecimento profundo das ciências naturais, biológicas e sociais. Se ele tivesse tudo isso pode ser que seja um bom policial”.
Hoje é o primeiro dia do Ano 2010, milhões de brasileiros ainda estão em clima de festa. Todas as capitais brasileiras tiveram festas públicas. Avenida Paulista reuniu dois milhões e quinhentas mil pessoas; a praia de Copacabana quase dois milhões de pessoas; o Farol da Barra, em Salvador, ultrapassou o número de quinhentas mil pessoas reunidas, fora as demais capitais e interiores. Entretanto, estas festas só foram possíveis porque milhares de Pais e Mães afastaram-se do seio familiar em pleno Reveillon, envergando suas fardas, para garantir a segurança e tranqüilidade de milhões de cidadãos e famílias brasileiras. Quantas pessoas lembraram de desejar Feliz Ano Novo ao policial que estava próximo para garantir a Paz e o divertimento delas?
A profissão policial é a que mais afeta a qualidade de vida das pessoas, porém os policiais não são reconhecidos pela grandeza das suas ações porque eles contrariam e limitam vontades alheias, como prender as pessoas que dirigem após consumir bebidas alcoólicas, apreender o carro que está com o documento vencido, revistar pessoas para prevenir delitos (ninguém gosta de ser revistado, pois mais educada que seja a abordagem), não deixar que os torcedores desrespeitem a fila na compra de ingressos para a partida de futebol, entre outros exemplos. Por mais que seja compreensível a ação policial, as pessoas, que têm contato direto com a polícia no exercício da atividade preventiva, esquecem que os policiais estão cumprindo com o dever de manter a ordem pública. Elas nutrem sentimentos de aversão à polícia e condenam as ações policiais, ainda que estas sejam para o bem da sociedade.
Tramita no Congresso Nacional um Projeto de Emenda Constitucional (PEC-300) que visa melhorar o salário dos policias. O valor do salário é uma retribuição aos serviços prestados, e o seu aumento é uma forma de reconhecer o valor do profissional. Entretanto, no Brasil, o salário do policial não corresponde, nem de longe, a percepção de merecimento da atividade policial. O policial além de manter a ordem pública e preservar a segurança das pessoas e do patrimônio, constantemente, no seu dia a dia, exerce as seguintes funções: parteiro, quando faz o parto da grávida que não chega a tempo na maternidade; assistente social, quando informar ao familiar da vítima o óbito, ou outras funções relatadas por um ex-policial que trago ao texto: “borracheiro e mecânico, quando socorre idosos e deficientes com pneus furados; pedreiro, ao participar de mutirões para reconstruir casas destruídas por enchentes; paramédico fracassado, AO VER UM COLEGA IR A ÓBITO A BORDO DA VIATURA; juiz da vara cível, apaziguando ânimos de maridos e mulheres exaltados, que após a raiva uniam-se novamente e voltavam-se contra a POLÍCIA; juiz de pequenas causas, quando, NA FOLGA, alguns vizinhos procuram para resolver SEUS problemas; guardião de mortos por horas a fio, sob o sol, a chuva e a neblina, à espera do RABECÃO”; dentre outras funções, como advogado e psicólogo.
A existência do trabalho policial influencia na vida de cada cidadão brasileiro. Quem ousaria sair de sua casa sabendo que a polícia não está trabalhando? O reconhecimento e o salário têm que ser proporcional à importância da profissão. A profissão policial exige o "IMPOSTO DO SANGUE", pois o policial tem obrigação de arriscar a sua vida, muitas vezes perdendo-a, para preservar a vida do cidadão. Quanto mais motivado estiver o policial, melhor será o serviço prestado à sociedade brasileira; por isso, a valorização policial não é um dever só dos estados, mas de todos os cidadãos brasileiros. Faça a sua parte!
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domingo, 13 de dezembro de 2009

DE UM NEGRO PARA UM JURISTA BRANCO: PELA GRANDIOSIDADE DO BRASIL, REVEJA SEUS CONCEITOS!
Dia 10 de dezembro, é comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Esta data é consequência da aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Esta Declaração é o primeiro documento internacional que afirma a universalidade dos direitos fundamentais e a IGUALDADE entre todos os seres humanos. O Brasil, como país signatário da Declaração dos Direitos Humanos, é obrigado a promover políticas de igualdade e rechaçar qualquer conduta que mantenha estagnada a desigualdade entre os seres humanos – quer seja econômica, educacional, cultural ou étnica.
Passado mais de sessenta anos da Declaração, as políticas de promoção à igualdade, lamentavelmente, ainda encontra resistência de pessoas que têm um grande poder de formar e modificar opiniões, como o destacado jurista Ives Gandra – professor emérito das universidades Mackenzie e da Escola de Comando e Estado Maior do Exército – que afirma: “Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios”. Fica a indagação: o quê ele pretende com esta afirmação? Retroceder à época da escravidão? Em plena época que todo o planeta entende que a diversidade e a igualdade entre os seres humanos é o maior bem que a humanidade pode ter, será que ele quer manter o fosso que separa negros e brancos?
Ora, se um eminente jurista, professor emérito de universidade, branco e milionário se acha discriminado, nesta terra de casta e privilégio, o que dirá o homem negro que foi espancado ontem, 12/12/09, em Ribeirão Preto-SP, por três universitários de medicina (Faculdade Barão de Mauá), que foram soltos minutos depois, porque o Juiz entendeu que o fato deles baterem em um homem desconhecido, gritando "toma nego" não caracteriza injúria racista? O que dirá os jovens negros que percebem, nitidamente, que uma pessoa atravessou a rua com medo de cruzar com ele na mesma calçada? O que dirá os 14,2 milhões de brasileiros adultos que são analfabetos? O que dirá os afrodescendentes que quando vêem a coluna social não se identifica fisicamente com ninguém? Ah, falar em coluna social, abordarei, no próximo parágrafo, a história de algumas famílias de imigrantes (obviamente brancos) que fizeram fortunas, algo IMPOSSÍVEL para os negros, pois naquela época (1870 a 1930), ou eles estavam no cativeiro vivendo de pão duro e água fria, ou estavam sendo tratados iguais a animais no Brasil que predominava a ideologia do médico e biólogo francês Louis Couty – política do branqueamento – que afirmava da necessidade de haver, no Brasil, imigração européia para “melhorar” o povo brasileiro.
Das inúmeras famílias brasileiras ditas tradicionais, vou tecer breve comentário sobre a Família Matarazzo, a Família Diniz e a Família Hering. Família Matarazzo: sua história tem início com a chegada de Francisco Matarazzo à cidade São Paulo em 1881. Nascido na província de Salermo, Itália. Imigrante com vantagens dadas pelo Brasil que explorava os negros; Família Diniz: sua história começou com a chegada de Valentim dos Santos Diniz à cidade de Santos-SP em 1929. Nascido em Polmares do Jarmelo, Portugal. Imigrante com vantagens dadas pelo Brasil que explorava os negros; Família Hering: originária de Hartha, na Alemanha, se estabeleceu em Blumenau-SC em 1878. Imigrante com vantagens dadas pelo Brasil que explorava os negros. Será que o Dr. Ives Gandra não conhece esta parte da história brasileira? Ou será que ele acha que as famílias brasileiras “tradicionais” são descendentes de africanos?
Confesso que este posicionamento do Dr. Ives Gandra ajuda-me a compreender porque o Exército, através da sua Editora (BIBLIEX), publicou, este ano (2009), um livro negando o racismo no Brasil, contrariando as políticas públicas adotadas em um Estado Democrático de Direito. Ora, este Jurista é professor da Escola de Comando e Estado Maior do Exército, curso obrigatório para quem almeja ascender ao generalato, ou seja, todos os generais do Exército cursaram esta escola, e uma grande parte – dos que estão no Comando atualmente – aprenderam na cartilha deste Professor. Entretanto, prefiro acreditar que a publicação do livro negando o racismo tenha sido uma atitude isolada de algum oficial, embora, como cidadão brasileiro, acredito que a Força Terrestre vai publicar algum livro reconhecendo o racismo no Brasil (não é “camuflando” o problema que iremos resolvê-lo), pois não seremos grande como Nação enquanto existir números estarrecedores – como os divulgados pelo IPEA, PNUD e IBGE – que demonstram, claramente, as distorções entre os negros e os brancos brasileiros.
Concluindo, em um País que é indubitável a dificuldade para o negro progredir, quando um homem branco, jurista renomado, professor universitário e milionário se diz discriminado como cidadão comum, das duas uma: ou ele não quer que o Brasil seja grandioso; ou ele, realmente, está perdendo espaço, pois nesta terra estão acabando com as castas e os privilégios. Por fim, de um Negro para um jurista branco: pela grandiosidade do Brasil, reveja seus conceitos!

21 DE MARÇO: UM DIA PARA REFLETIR, PROPOR E COMEMORAR!

21 DE MARÇO: UM DIA PARA REFLETIR, PROPOR E COMEMORAR!
Em 21 de março de 1960, em Sharpeville, na África do Sul, uma manifestação pacífica contra as injustas leis do passe - documento obrigatório só para negros, com anotações que determinavam por onde eles poderiam circular - foi reprimida pela polícia que atirou nos manifestantes que pediam o fim do apartheid, o antigo sistema de separação entre negros e brancos naquele país africano. O resultado foi um verdadeiro massacre: 67 mortos e centenas de feridos, que, na época, causou horror ao mundo civilizado, pois, os manifestantes negros queriam, apenas, ser tratados como cidadãos. Por causa disso, a ONU (Organizações das Nações Unidas) estabeleceu o 21 de março como Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Neste sentido, a ONU recomenda e enaltece os países – com tradição africana em primeiro lugar – que celebrem este dia como uma forma de fortalecer a união das etnias em todo o mundo.
Antes de falar da importância do dia 21 de março, gostaria de fazer uma viagem ao 1º dia de dezembro de 1955, mais especificamente, no estado de Alabama, que fica na região sudeste dos Estados Unidos. Lá aconteceu um fato que, também, entrou para a história mundial de combate ao racismo, foi o caso de Rosa Parks, que depois ficou conhecida mundialmente como Rosa de Alabama. Neste dia, ela estava voltando para casa, depois de mais um dia cansativo de trabalho, e ousou se sentar no banco do ônibus. De imediato, o motorista avisou que caso não levantasse, teria de levá-la para ser presa. Ela disse: faça isso! Sem querer, ela causou uma das maiores revoluções em prol da igualdade racial. Por 381 dias os negros de Montgomery se recusaram a entrar nos ônibus, foi, sem dúvida, o maior boicote da historia americana. O boicote foi encerrado com a decisão da Suprema Corte Americana em tornar ilegal a discriminação racial em transporte público.
Trouxe o caso de Rosa de Alabama à baila por entender que o 21 de março – assim como o nosso 13 de maio – tem um simbolismo muito grande nas questões raciais, entretanto, esta data só foi estabelecida pela ONU depois de muitas reivindicações e resistências em prol da igualdade racial. A formalidade da data não veio por pura bondade das autoridades, mas sim depois de muitos debates e, também, sangue, suor, lágrimas, que continuaram após 1960, com casos mundialmente conhecidos: as mortes de Martin Luther King Jr e Steve Biko e a prisão de Nelson Mandela.
Atualmente, a maioria dos países já não mais tolera a discriminação racial. A recomendação da ONU foi de suma importância para que os países signatários começassem a adotar políticas públicas de promoção à igualdade racial. Os Estados Unidos que é um referencial, conseguiu fazer com que os negros – ainda que só representem 12% da população americana – chegassem ao poder através de políticas públicas bem debatidas e administradas pelo Estado. Como exemplos destas políticas, posso citar: os antigos secretários de Estado Condoleezza Rice e Colin Powell e o ator Will Smith, que atualmente é o artista mais bem pago de Hollywood graças aos incentivos financeiros dados pelo governo para que as empresas cinematográficas contratassem negros para seus filmes. Caso contrário, hoje, certamente, não conheceríamos alguns possuidores do oscar de melhor ator, como: Denzel Washington, Forest Whitaker e Cuba Gooding Jr. Aqui no Brasil, bem que o governo poderia fazer políticas de incentivo para as telenovelas, pois é gritante a anomalia de um país multirracial como o nosso ter como atores principais de telenovelas pessoas “monocromáticas”.
Outro fato mundial, de suma importância para eliminação da discriminação racial, foi idealizado por um ilustríssimo brasileiro, João Havelange. Ele é o responsável pela escolha do País de Steve Biko e Nelson Mandela para sediar os jogos da Copa do Mundo de 2010. O Ex-presidente da FIFA entende que o futebol é o maior exemplo de integração entre povos e raças, e que o fato do continente africano sediar uma Copa do Mundo será um ato determinante para a eliminação da discriminação racial. Graça a este brasileiro, cinqüenta anos depois do massacre em Sharpeville, a África do Sul volta a ser notícia em todo mundo, tendo como destaque a alegria de um povo que vem conhecendo o significado da palavra igualdade.
No Brasil, as crianças negras têm um índice de mortalidade infantil 50% maior que as crianças brancas, os jovens negros são tidos pelos policiais como “suspeitos da cor padrão”, o ganho do negro no mercado de trabalho é metade do branco que ocupa a mesma posição, dados para refletir! Aumentar os recursos públicos destinados às políticas de afirmação e criar incentivos para que o setor privado contrate afrodescendentes com o objetivo de amenizar as distorções entre negros e brancos, é uma proposição! A lei 7716/89 que define os crimes resultantes do preconceito de raça ou cor e a Constituição Federal – Art 5º, XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível – são motivos de comemoração. Por fim, 21 de março é um dia para refletir, propor e comemorar!

PARA OS NEGROS, O "BRASIL" VIRA AS COSTAS!

BLOG -www.capitaomarinho.blogspot.com - um artigo intitulado: PARA OS NEGROS, O "BRASIL" VIRA AS COSTAS! Abaixo, segue o texto:

O texto, abaixo, é do cantor e compositor Tonho Matéria (conhecido também como a "VOZ DO OLODUM"), comentando o meu último artigo - "21 de Março: um dia para refletir, propor e comemorar!". Decidi publicá-lo no meu Blog em reconhecimento e gratidão para com uma pessoa que usa a capoeira e a música como formas de mostrar uma realidade que "tentam" ludibriar, o racismo velado e perverso que predomina na sociedade brasileira! O título foi dado por mim.
Meu caro e nobre Capitão Marinho lendo seu artigo me deparo à frente da TV onde só mostram jovens negros sendo exterminados, genocídios estereotipados pela força desses programas midiáticos que por muitas vezes provocam e causam ebulição sentimental contrarias nesses jovens.
Acredito também se o Estado criar programas educacionais direcionados para esses jovens, com certeza possa ter uma diminuição mais adelgaçada da violência. É necessário que o estado crie Políticas Públicas de verdade que possa ser tratadas diretamente com esses jovens, não adianta a gente só viver discutindo de que forma vamos fazer com que esses jovens se percebam inseridos na sociedade se a mesma sociedade não insere esses jovens no mercado de trabalho, se os bancos não confiam numa figura negra a ter o cargo de gerente, se os hospitais não têm, na sua maioria, médicos negros, se os grandes pesquisadores, antropólogos, filósofos, advogados, etc. que falam da história do povo negro não são negros, se os embaixadores do Brasil em diversos países em sua maioria não são negros. Como esses jovens podem se interessar em estudar se eles sabem em suas convicções que não terão espaço no campo de trabalho
?
Então o que acontece de fato é realmente a busca do interesse em ser realmente oficial do tráfico. Porque muitos deles vêem a própria “policia” inserida nesse processo. E por muitas vezes policiais negros espancando homens de bem, pais de família e seus filhos assistindo a tudo. Então fica bem mais difícil dialogar com esses jovens.
Lembro das atuações que os blocos afro faziam nas comunidades aqui em Salvador. Dessas comunidades saiam carpinteiros, eletricistas, cantores, compositores, relações publicas, desenhistas, artistas plásticos, etc. então esse povo tinha motivo para não pensar em outra coisa a não ser em arte.
O próprio governo nunca deu importância a esse movimento, como até hoje não dá. Não adianta ajudar a entidade só no período do carnaval, isso não resulta em nada. É preciso dar incentivo durante o ano inteiro para que novos programas se estabeleçam nessas comunidades como ações afirmativas diretamente no coração do indivíduo. Ai sim, a sociedade viverá sem medo.
Para que o 21 de março fosse repensado pelos poderes públicos nos Estados Unidos e na África do Sul, foi preciso que os negros desses lugares em conjunto desse a voz e erguessem a cabeça e saíssem às ruas clamando por igualdade. Não foi tão fácil a conquista mais quando se persiste se vence e os negros lá venceram, pelo menos passaram a ser respeitados. Aqui no Brasil nosso povo só se manifesta em comícios, ou contra o outro negro, é uma pena ver isso mais o dinheiro aqui fala mais alto e é por isso que muitos nem sabem da importância do dia 21 de março e nem do 13 de maio. Muitos comemoram essas datas, fazem festas regadas a bolo e guaraná. Muitos nem sabem de fato da importância de ser negro, de ser um Zumbi, Steve Biko, Malcolm X, Samora Machel que deram suas vidas clamando por todos, numa luta coletiva. Muitos não sabem que Nelson Mandela ainda é um ser Nobel da Paz vivo e que habita em Maputo em Moçambique. Muitos não estão ai pra nada porque se conformam com pouco. Vivem a mesma vida de antes.
Na verdade o que o povo não sabe mesmo é que ele é bombardeado de noticias que só são referenciadas a ele mesmo e por isso fica a espera de um novo programa que lhes coloque na mira. E assim o povo vive seus dias de angustias sentimentalmente desorientadas pelo genocídio brutal do dia a dia.
O Brasil é um país de retardo mesmo, quando vejo nos Estados Unidos Colin Powell e o ator Will Smith sendo as personalidades negras mais bem pagas, aqui no Brasil, e principalmente em Salvador, os artistas negros se não buscarem incentivos dos poderes públicos para os seus projetos morrerão de fome porque esses artistas não têm espaços nas grandes mídias. O que a mídia executa do povo negro é a parte ruim, são musicas com letras que incentivam a figura negra e principalmente as mulheres negras a ser desclassificas. Nesses embalos, a indústria e grifes de roupa criam modelitos que dês - configuram ainda mais a ajudar a "denegrir" a imagem dessas pobres meninas negras.
Agora mesmo foram criadas algumas pulseirinhas (PULSERA DO SEXO) com cores variadas onde a menina ou menino negro usam e cada pulseirinha com um código secreto que só esses jovens sabem descrevê-lo. Final da história, meninas e meninos sendo estuprados por vizinhos, amigos de sala de aula, etc. e cadê o governo que não tem um órgão fiscalizador para combater esse crime
? Há, se esses jovens forem filhos das mães que estão dançado o "pacotão", o "todo enfiado", etc. Aí fica pior!
Desse modo, o governo nunca irá criar um programa de combate ao racismo, um programa de enfrentamento em que a discriminação racial seja de uma vez por todas banida.
Hoje estamos a caminho da copa do mundo, e todo olhar estará voltado a este evento, e novos confrontos irão acontecer nas comunidades e a grande mídia não irá noticiar. O caso da menina Isabela foi aclamado por toda mídia mais ele era uma menina de classe media alta, diferente de Joana do bairro da paz que alem de grávida do seu namorado de 16 anos ainda apanha dele e do padrasto, além de ser abusada sexualmente por ele (o padastro). A mídia não sabe disso e se sabe não faz questão de noticiar e nem de criar em conjunto com o governo (Ministério da Comunicação) uma campanha que convoque essas jovens para um dialogo.
Queria e gostaria que João Havelange olhasse também esse lado. Sei que o futebol é o maior show business, mais como entender que a copa sediada na África do Sul possa servir de incentivo e apoio para que a discriminação racial acabe entre as nações se o fator principal e perceber que metade do povo negro não tem TV em casa e não sabem dessa relevância
? É gritante as formas de abordagem para o povo negro e por isso acreditamos na unificação e integração que o futebol promove, então vamos a mais um título mundial e com fé em deus que os jovens negros sejam os mais beneficiados por esse título que é de fato se sentir brasileiro e vencedor.
Como diz o mestre Boa Gente “depois de Cristo só a capoeira salva” e por isso temos espalhados pelo mundo em mais de 150 países milhares de capoeiristas acreditando e fazendo por eles próprios o que seria papel do Estado, Reparação. Divulgando o Brasil em todo mundo simplesmente com a maior arte brasileira que é a CAPOEIRA e nem assim o governo entende que é preciso criar políticas públicas que facilite a esses profissionais a se manter e proteger o Brasil culturalmente. Isso sem fala da abordagem turística e sócio educativa da capoeira em todas as áreas. Na medicina a capoeira atua em vários âmbitos e mesmo assim não se consegue perceber a importância da capoeira e isso porque as grandes mídias não percebem que Besouro de Mangangá foi um rei na capoeira assim como Pelé no futebol.
Tonho Matéria

Ata do GD de Cotas Raciais x Sociais do EREL Pernambuco

Aos dois dias do mês de abril de dois mil e dez, ocorreu na Universidade do Federal de Pernambuco, doravante UFPE, o GD de cotas raciais e cotas sociais presidida por Lázaro Araújo, doravante Law, Secretário Nacional de Combate ao Racismo. Deu-se as apresentações e os presentes foram Caroline, Jeane, Vanessa e Paloma da Universidade Federal da Bahia, doravante UFBA, Milena da Universidade do Estado da Bahia, doravante UNEB e Anderson Rabelo da mesma universidade e Executivo Estadual da Bahia. Law explicou o que era um GD, lembrou do GD de cotas ocorrido no EBEL em Seabra e informou sobre a mesa de combate às opressões que ocorreriam no auditório da mesma faculdade. Falou sobre a discussão das cotas sociais, explanou um pouco das realidades de outros estados, como por exemplo o Maranhão e lançou a proposta deste Grupo de Discussão. Jeane disse que era cotista racial da UFBA e que há as duas cotas na universidade e gostaria de entender as cotas. Paloma comenta que achava ser verdade que as cotas eram uma coisa só e que até então era contra, mas que depois de entender, através de explanação de professores, passou a ser a favor. Vanessa afirmou que a denominação das cotas é desnecessária. Milena perguntou se o aluno fosse apenas aluno de escola pública, se poderia entrar por cotas sociais, Law disse que sim e explicou os motivos. Caroline e Anderson levantaram a questão dos brancos que se dizem negros, como agir ou dizer quem é negro e quem não é. Law trouxe o caso dos gêmeos em que um foi aceito pelo sistema de cotas e o outro não, falou sobre a questão do medir quem é negro e quem não é e das pessoas que vivem se dizendo pardos, mas no vestibular se diz negro. Law lembrou de uma conversa em que dizia que antigamente o exército dizia a sua cor e que hoje há essa discussão. Trouxe elementos históricos até chegar-se às cotas que seria uma medida reparatória. Law falou o porque de ficar centrado na educação e traz novos elementos históricos. Falou sobre o racismo e que no Brasil há um racismo velado. Law lembrou da ação movida pelo Democratas em Brasília questionando o sistema de cotas da UNEB e que nisso há um interesse particular. Law falou sobre cotas sociais que agrupa negros com pobres e afirmou ser contrário á essas cotas, pois estas não reparam o erro. Comentou que é uma concorrência desleal o vestibular para estudantes de colégio particular contra os de colégio público. Foi conversado o sistema de cotas sociais e o modo de entrar por esse sistema que seria mais fácil terem brechas na lei. Law lançou a problemática de como resolver isso. Law ainda lembra de deliberações do GD do EBEL Seabra de fazer-se uma publicização acerca dos cotistas e que foi feito isso na USP. Falou também sobre a sustentação dos negros e da problemática da assistência aos negros. Ficaram encaminhados que continuem os dois métodos de cotas, mas com uma triagem nas cotas sociais, com o rigor da UFBA, Law trouxe o encaminhamento da publicização de informações acerca dos cotistas, e Caroline encaminhou que ocorressem projetos semelhantes ao Permanecer da UFBA, a fim de se produzir a permanência dos cotistas na universidade. Sem mais o que relatar, eu, Anderson Rabelo Pereira, lavro esta ata em três de abril de dois mil e dez.

Defesa das Cotas Raciais

LUIZ ALBERTO DEFENDE COTAS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS E REBATE ARGUMENTOS DO JORNAL O GLOBO

Foi publicado no Jornal O Globo do dia 05 de abril, na página 05, dois artigos no Caderno de Opinião, cujo tema em discussão foi ‘Cotas raciais para Universidades’. Um na coluna “Nossa Opinião”- coluna que expressa a opinião do jornal, e o outro na coluna “Outra Opinião”, contendo a opinião do Deputado Federal Luiz Alberto (PT/BA).
Na primeira coluna citada, o artigo intitulado de “Instrumento de injustiças”, defendeu que “o resultado da política racialista é discriminar o jovem branco” e manifestou opinião contraria a implantação do sistema de cotas nas Universidades. Já o artigo da segunda coluna, de Luiz Alberto, manifestou opinião favorável à implantação do sistema de cotas e revelou ainda as injustiças históricas vividas pela população negra no Brasil.
Confira na íntegra os dois artigos:
O GLOBO
TEMA EM DISCUSSÃO: Cotas Raciais
Nossa Opinião
Instrumento de injustiças
A instituição de cotas raciais no ensino superior do país mascara uma injustiça (contra os brancos pobres) e uma implícita confissão de inapetência do poder público com suas obrigações relativas à Educação. A enorme faixa da população brasileira formada pelas classes de menor poder aquisitivo é vitima do tratamento diferenciado propugnado pelos apóstolos do racialismo como critério para o acesso dos negros a universidades públicas.
Sem o salvo-conduto da cor da pele, os brancos pobres, além de enfrentarem a mesma discriminação que está na origem do postulado racialista continuarão a lidar com a tradicional dificuldade de se preparar para entrar numa faculdade. E o preço que eles pagam por não dispor de um sistema de ensino que, ao longo de sua formação intelectual, os dote do necessário embasamento para enfrentar o desafio da disputa por uma vaga contra candidatos mais bem preparados.
Outra verdade oculta pelo generoso manto do acesso à universidade abalizado pela pigmentação é o secular desleixo do poder público brasileiro com a qualidade da Educação em geral, e do ensino básico em particular. A falta de ações - ou, quando muito iniciativas tímidas - voltadas para a implementação de um sistema que garanta democraticamente a todos o acesso ao saber pode ser tomada, em última instância, como uma opção pela prevaricação. Não é outro o crime que incorre o governo ao deixar de cumprir obrigações que lhe são preceituadas pela Constituição. Ter assegurado o alcance ao ensino é direito elementar de todos os cidadãos. Cabe ao poder público criar políticas que garantam tal prerrogativa.
Para além destas questões que estão no cerne da cota racial há, ainda, problemas básicos ditados pela dificuldade prática de estabelecer a cor da pele como critério para o acesso ao ensino superior. Emblemático, por exemplo, foi o episódio que pôs em xeque o sistema de cotas na Universidade de Brasília: no vestibular 2007, uma comissão – criada para julgar a negritude dos autodeclarados candidatos a uma vaga pelo princípio racialista – atestou por fotos que era negro um aluno chamado Alan, mas não aprovou o suposto direito à cota de outro postulante, chamado Alex. Ocorre que Alan e Alex são irmãos gêmeos idênticos. Distorções dessa ordem hão de ocorrer em outras universidades, apesar de desmoralizarem o critério racialista, não têm sido argumentos suficientes contra as cotas raciais.
Ao adotar o princípio racialista, a UnB criou essa espécie de tribunal racial, por cujo crivo passam as autodeclarações de “raça” dos vestibulandos. Cabe a tal “corte” carimbar atestados de negritude. Não por acaso o sistema lá implantado é alvo de uma argüição de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, que realizou audiências públicas para embasar a decisão da Corte.
A pílula das ações afirmativas costuma ser dourada com argumento de que se tratam de medidas temporárias, implementadas para reparar, de imediato, contenciosos sociais – entre os quais a discriminação racial. Ocorre que tais políticas conjunturais acabam se perpetuando e, em vez de reduzir fossos, tornam-se instrumento de manutenção de distorções. Longe de superar maus indicadores, subordinar a reparação de déficits educacionais à cor da pele apenas segrega e esconde leniências do poder público com suas obrigações.
Outra Opinião
Um reparo histórico - Luiz Alberto
No Brasil, o debate em torno das ações afirmativas ganhou maior visibilidade com a adoção do sistema de cotas para negros na universidade. O tema tem provocado discussões com base em preconceitos políticos, raciais e ideológicos. Trata-se de uma mesquinharia de setores da sociedade que tentam deslegitimar uma iniciativa que traz reparos históricos à população negra brasileira, que durante séculos foi excluída de políticas públicas que pudessem levá-la ao mesmo patamar de outras camadas da população.
A posição contrária às cotas tenta eclipsar, com falsos argumentos, que a reserva de vagas é concedida a apenas um quarto dos alunos negros, que conseguiram ultrapassar o ensino médio e chegar à universidade. Dados do IBGE mostram que os negros são 48% da população brasileira.
Isso, por si só, justificaria a necessidade de uma política democrática para os negros.Com o governo Lula, passamos a enfrentar o desafio histórico de estabelecer a igualdade racial, apesar de sabermos que também há resistências até no próprio governo. A adoção de cotas raciais faz repensar antigos preconceitos e estereótipos, o que incomoda e torna a questão polêmica. Uma nação que viveu 400 anos de exploração da mão de obra africana e indígena e perpetua o abandono não fica impune.A maioria da população negra vive em exclusão brutal. A sociedade é marcada pela desigualdade no acesso a oportunidades, bens e serviços públicos. Esta situação é amplamente documentada por estatísticas oficiais, de organismos nacionais e estrangeiros, e atinge outras áreas, como representação política e meios de comunicação. Dados que desmascaram a suposta "igualdade".
O princípio da igualdade é constitucional e nele está inserido o sistema de cotas. Dados oficiais mostram que o índice de analfabetismo de jovens de 15 anos, por exemplo, é maior entre negros e pardos. Além disso, os negros representam 73% dos 10% mais pobres no país, e apenas 15% dos 10% mais ricos, sendo necessárias políticas públicas que modifiquem essa realidade.Assim, o sistema funciona como um mecanismo de equalização de oportunidades e proporciona a abertura de portas para um contingente significativo de estudantes que não teriam acesso ao ensino superior. São 52 mil alunos beneficiados até hoje. São 52 mil profissionais que disputarão em igualdade de condições os melhores postos de trabalho.
Esse debate chegou ao Brasil com mais de um século de atraso, e evidencia que a falta de diversidade nas instituições de ensino apenas mostra as consequências do nosso passado escravo.Políticas afirmativas ajudam a promover o combate ao racismo e às desigualdades.Vale ressaltar o papel dos movimentos sociais, principalmente dos movimentos negros na luta por políticas de ação afirmativa tanto no debate público como na pauta do governo.
É uma conquista de segmentos do Movimento Negro, que há anos denunciam a desigualdade social e racial no Brasil. Mas falta muito: não basta ao Estado se abster de praticar a discriminação, pois é preciso criar condições que permitam a todos a igualdade de oportunidades.Em outras palavras, é preciso garantir aos desfavorecidos o mesmo ponto de partida dos demais.
As cotas para negros devem ser sim uma afirmação positiva para uma nação soberanamente democrática, como é o Brasil.
LUIZ ALBERTO deputado federal (PT-BA).

www.deputadoluizalberto.com.br

quarta-feira, 17 de março de 2010

Audiência Pública em defesa das Cotas Raciais

Audiência Pública em defesa das Cotas Raciais na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia. Campanha "Afirme-se".

Local: Assembleia Legislativa da Bahia - Sala das Comissões Herculano Menezes, Centro Administrativo da Bahia (ALBA - CAB).

Data: 23 de março de 2010.

Horário: 10h.

Contato: 3115- 7150 Ana Claudia.

terça-feira, 9 de março de 2010

Mexeu com ELAS, mexeu COMIGO


Neste ano de 2010, ao começar a falar da importância do 8 de Março – Dia Internacional da Mulher – quero manifestar meu repúdio à fala do Senador da República Demóstenes Torres, Partido Democratas, em Audiência Pública no Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF), no dia 03 de Março de 2010, que analisava o recurso instituído pelo seu partido contra as Cotas para Negros na Universidade de Brasília.

Durante a audiência, o Senador falou sobre o período escravagista. Ele comentou que, o que ocorreu entre as mulheres negras e os homens brancos (escravagistas), foi “relações consensuais” e não estupro de mulheres negras pelos escravagistas, como denunciam os ativistas negros/as. No decorrer de seu discurso, continua eliminando a possibilidade da violência física e sexual vivida por negras africanas nessa época. Mais uma vez, o racismo e o sexismo são negados, e as mulheres negras foram responsabilizadas e violadas como cidadãs.

No ano de comemoração do centenário do Dia Internacional da Mulher e também do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos terreiros mais antigos da Bahia – espaço protagonizado e forjado a partir da resistência e luta das mulheres negras -, esse episódio nos faz refletir que, embora os passos de lutas das mulheres (negras, brancas, indígenas, trabalhadoras rurais, quilombolas, do candomblé e marisqueiras) em busca da garantia de direitos e contra todas as formas de violência e opressão que possam atingi-las, “vêm de longe”; ainda existe um caminho de muita luta e enfrentamento a ser percorrido para garantir a consolidação plena dos direitos e da equidade de gênero em todas as nações.

Ao longo desses cem anos, podemos afirmar: as vitórias dos movimentos feministas e de mulheres – dentre as quais elencamos o direito de criminalizar a violência doméstica, a ida à lua, a possibilidade de assumir a presidência em alguns países, a ampliação da participação das mulheres na Academia, por conseqüente, nos setores científico e artístico – foram fundamentais para a mudança de um conjunto de padrões culturais que aprisionavam as mulheres, uma vez que estas passaram a se organizar de maneira a assegurar sua autonomia econômica e financeira.

Apesar da importância dessas conquistas, não podemos esquecer que as mulheres continuam a lutar para garantir os direitos sobre seu corpo, a atuação nos espaços públicos, especificamente, na arena política, e assegurando a visibilidade política. A dificuldade em alcançar algumas destas pautas demonstra o conservadorismo de setores da sociedade que são orientados por bases racistas, machistas e sexistas que se manifestam contra a legalização do aborto, e aprovação de leis como a Maria da Penha, da igualdade entre homens e mulheres no mundo do trabalho, das cotas de 30% de mulheres nas disputas eleitorais...

Por isso, manifesto a minha solidariedade no Dia Internacional, meu apoio às lutas e pautas travadas pelo movimento feminista. Hoje lançamos a campanha “Mexeu com elas, mexeu comigo! É dever de todo homem acabar com a violência contra a mulher”. Nesta campanha buscamos provocar debates com os homens, no sentido de conscientizá-los e responsabilizá-los pelo combate a violência contra as mulheres, responsável este ano, somente na Bahia, pela morte de aproximadamente 10 mulheres, apoio a legalização do aborto, a livre orientação sexual e demais bandeiras.

Quero reforçar mais uma vez o apoio à luta das mulheres para garantir participação nos espaços de poder e decisão. Apesar de completar cem anos de luta pela Garantia de Direitos, as mulheres ainda são minoria nesses espaços; o Brasil é o país do mundo com os menores percentuais de mulheres atuando nas casas legislativas federais, estaduais e municipais (a Câmara Federal, por exemplo, de 513 deputados (as) apenas 45 são legislaturas de mulheres. São 76 anos de voto feminino e o parlamento brasileiro possui menos de 10% de representatividade feminina, sendo o país que possui menos mulheres no parlamento).

Portanto, o Dia Internacional da Mulher do ano de 2010 adquire um sabor especial, pois ao completar cem anos, consolida-se uma história de luta e enfretamento a todas as formas de exclusão e violência. Este ano, homens e mulheres têm em suas mãos a responsabilidade de iniciar o rompimento com as sustentações machistas e sexistas, além de exercitar a equidade de gênero, elegendo – pela primeira vez na história e contrariando discursos e estatísticas de setores conservadores da sociedade brasileira – uma mulher para ocupar o cargo de maior autoridade do país, o de Presidente (A) da República.

Vamos juntas e juntos construir um Brasil mais justo e igual para homens e mulheres.

Deputado Federal Luiz Alberto (PT/BA)

Entrevista com Tonho Matéria por Anderson Rabelo*

Este semestre estou pegando uma disciplina chamada Literatura Africana. A professora nos passou como trabalho, escolhermos músicas que falem da África e/ou sua cultura e minha equipe escolheu a música Akhenaton e Nefertiti. Consegui entrar em contato com Tonho Matéria, cantor e compositor e autor da música e pedi para fazer uma entrevista com ele por e-mail. Me senti tão contemplado com as respostas que resolvi pedir para postar a entrevista neste blog e espero que vocês gostem assim como gostei muito. Mais uma vez, agradeço a Tonho Matéria por ter concedido essa pequena "entrevista". _____________________________________________________

Akhenaton e Nefertiti
Primeiramente, queremos agradecer por nos conceder essa entrevista e ressaltar a importância da sua música para o resgate e manutenção da cultura Negra soteropolitana por revelar uma identidade forte que nos influencia em bastantes áreas que nem sabemos e estudando descobrimos mais e mais e mais.
1. Antes de entrarmos na música Akhenaton e Nefertiti, gostaríamos que primeiro você pudesse traçar um pouco da sua história até chegar ao Olodum.
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Tonho Matéria: Então vamos lá. Eu me chamo Antonio Carlos mais em arte Tonho Matéria, nasci no bairro de Pau Miúdo e desde pequeno sempre me inclinei para a música e assim fui participando de alguns terreiros de candomblé para aprender a tocar porque eu queria ser percussionista, mais isso depois tirei da cabeça e busquei a capoeira e em seguida fui participar de alguns grupos de samba junino: Pagode dos Fiáis, Ôba Ôba, Coruja Junina, Ganzá, Obatalá e blocos afros e afoxés como: Ébano, Amantes do Reggae, Afreketê, Ilê Oya, Omolu Ilê, Oyá Ilê, Ara Ketu e até chegar ao Olodum.
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2. Qual a sua relação com a cultura africana?
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TM: Como negro tenho uma obrigação de me relacionar com a cultura africana. Muitas pessoas acham que se relacionar com a África é fazer parte do candomblé ou da capoeira, o que é negativo. Na verdade se relacionar com a África é manter-se vivo em afirmação identitária e preservar as matrizes ancestrais e é o que eu faço, busco na relação africana a minha consciência negra de sempre manter vivo os elementos simbólicos da África negra e tento passar para meus alunos na capoeira e para o meu público na música quando estou em apresentação sonora ou até mesmo nos meus discos.
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3. Enfim, com tanta variedade na cultura africana o que te levou a escolher o tema Akhenaton e Nefertiti?
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TM: Sempre fui curioso para descobrir coisas da África até então não comentado em músicas. As pessoas acham até hoje que o Egito não é na áfrica e por isso escrevi varias canções falando em personalidades ou lugares deste país. O Olodum sempre cantou o Egito e escolheu o tema Akhenaton e Nefertiti um casal solar, e como sempre eu debatia com João Jorge sobre as temáticas do bloco para o carnaval, o que temos para falar, apresentar, qual forma de discursos iríamos propor etc. Aí me veio a idéia de escrever esta canção que levei quase três meses para terminá-la. Preferi me aprofundar mais no tema e entender todas as questões sociais, culturais, políticas e religiosas do Egito antigo. Amo as divisões monoteístas e politeístas. Então, por acaso, no aeroporto de Recife indo para a Europa, eu comprei um livro: Nefertiti e Akhenaton do autor Christian Jacq e quando eu terminei de ler já tinha entendido toda a história do pai de Tutankamon, ai foi só escrever a canção da forma que eu imaginava. O Olodum ainda não tinha divulgado para o pessoal o tema mais eu sair na frente porque iríamos gravar o DVD e já queria estar com uma música falando do tema que o bloco iria apresentar no carnaval. De fato esta canção é de dupla nacionalidade, brasileira e italiana kkkk. Terminei-a na Itália.
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4. Qual sua opinião sobre o cenário musical baiano atual? E quanto aos grupos que trazem elementos do candomblé em suas letras? Nessa pergunta eu lembro desde Carlinhos Brown até os novos pagodes baianos.
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TM: A musicalidade baiana é bastante rica, mais está sendo mal explorada. É preciso ousar mais, ter mais criatividades. Principalmente a galera do pagode que estão com toda bagagem popular nas mãos, mas não conseguem sair daqui de Salvador, são poucos que conseguem furar o bloqueio, e isto, simplesmente por não entenderem que fazer música não é brincar com sentimentos e não é diversão, a gente se diverte com a musica, mas fazer musica é se comunicar com os sentidos do imaginário, é transportar alguém para o universo dos sentidos e fazer viajar num mundo desconhecido, é fazer o individuo reviver a sua historicidade. Pensar que já esteve naquele lugar sem nunca ter ido. Eles pecam nesse sentido, quando não falam do amor com amor e só propagam sexos e drogas, e isto não é música.
Quanto aos elementos do candomblé nas músicas é uma forma de divulgar o que a cultura do candomblé tem. Já que a história do negro precisou de uma lei para ser ensinada nas escolas, então os artistas conscientes vão manifestando seus rituais dentro das letras das músicas. Isto é uma forma de correio nagô, de boca em boca. Não sou contra não. O que não gosto é quando se cantam os segredos do candomblé, por exemplo: Contra “EGUN”, falar dos segredos de “EXU”, etc. isto não acho legal não. Eu também faço citações a alguns símbolos do candomblé mais com cautelas e cuidado para não desagradar nem o povo do axé e nem os orixás.
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5. Uma coisa que me inquieta bastante, o que você acha dessa ligação quase que sinônima de África e candomblé?
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TM: Acho um erro de consciência coletiva, uma falta de visão e percepção. Imagine se em toda a África fosse só um mundo de rituais. Com certeza no mundo, o candomblé estaria na frente de todas as outras religiões, tanto no quantitativo como no coletivo. Esta é uma forma de pensamento eurocêntrico que numa lavagem cerebral nos deixou como herança todas as formas de desconstrução cultural e assim vivemos ate hoje, acreditando que o candomblé é coisa do diabo, que leite com manga mata, que o boi da cara preta mete medo em criança, que devemos trabalhar sempre para homens brancos e se curvar a eles sempre que ele estiver por perto, etc. a igreja católica muito contribuiu para este mal.
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6. Em relação ao momento presente, como você enxerga o modo como a cultura africana ou as heranças africanas são tratadas nos espaços que se proclamam “valorizadores das raízes africanas e/ou do povo negro”?
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TM: Numa visão critica, percebo que tudo que se diz respeito à cultura negra é usado como folclore.
Todos negam a cultura negra, todos mesmo. As empresas privadas quando dão patrocínios é impondo seus conceitos e tudo tem que ser de acordo à suas exigências. O governo cria editais para a cultura negra, mas o mesmo não da aceso ao negro que vive em comunidade e que nunca cursou uma faculdade; As políticas culturais não são direcionadas para esses negros como deveriam ser de fato. As ações afirmativas não conseguem sair do papel e os benefícios nunca são direcionados aos negros.
Deveríamos ter aqui em Salvador um museu que guarde a memória africana, ruas com nomes de negros que se destacaram na política, nas revoltas populares, na capoeira, no candomblé, no samba de roda. Tínhamos que ter monumentos da história da escravidão em lugares públicos para os jovens terem acesso ao conhecimento, e conscientizar esses jovens sobre a memória dos seus antepassados. Enfim, a nossa herança está mal cuidada.
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7. Já que entramos um pouco nessa questão do movimento negro, então, em que medida você considera importante, em relação à época atual, a valorização desse grupo na sociedade brasileira de hoje?
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TM: Quando se tem um pensamento coletivo em que todos façam do movimento negro um “negro em movimento”, plagiando Mario Nelson, assim como foi Zumbi (Zambi), Dandara, Alqualtune, Luiza Mahin, Abdias do Nascimento, Mario Gusmão, Grande Othelo, Manoel Querino, Cruz e Souza e tantos. Vale apenas lutar pelos ideais, mais o que percebo hoje em dia é ainda uma forma de buscar desolada. As entidades ligadas ao movimento negro não mais se preocupam com o coletivo e percebo isto na marcha do dia 20 de novembro, na passeata dos filhos de santos, nos debates dos capoeiristas e tantos outros manifestos. O movimento que era apolítico se politizou e se dividiu demais e agora cada facção luta por políticas partidárias isoladas. E quando um negro sai candidato a algum cargo político esse movimento não consegue elegê-lo. Alguma coisa está errado nisso. Vi isso com Vovô do Ilê, Samuel Vida, Clarice, Bujão, etc.
Lembro das canções dos blocos afro quando os autores diziam: “Não se importe negro, a verdade vencerá, sua cultura é completa e seus deuses são vivos” Gilson Nascimento. “Se houver barreiras pulo não me iludo não, sem essas de classes do mundo, sou um filho do mundo, um ser vivo de luz” Suka. Então esses versos me levavam a crer que éramos capazes de lutar e de vencer e quando a vitoria chegasse todos seriamos unidos por um só ideal, construir uma sociedade com LIBERDADE de expressão com IGUADADE e muito FRATERNIDADE mais isto não vejo mais nos movimentos, a luta agora é pelo poder, pelo status, pela democracia particular. Estes blocos também ajudam a construir um movimento de apartheid, talvez inconscientemente. É só olhar para seus quadros de funcionários.
Assisto aos programas nas TVs e só vejo o povo negro sendo massacrado, genocídio, extermínio todo dia e nada se faz para dar um basta nesta violência, à gente só fica falando: ”nossa como a cidade estar violenta”. E nada se faz para diminuir este sinistro quadro. Agora é a hora de o movimento ir a TV e convidá-los para debatermos de perto sobre a problemática que ocorre nas ruas, nas comunidades, nas favelas, na falapitas, enfim, buscar uma solução mais direcionada e ter uma solução, vamos criar um programa sócio-educacional junto com as comunidades, vamos dividir os milhões dos cofres públicos com ações afirmativas direcionadas ao povo que a violência acaba e se o movimento negro buscar este entendimento direto com o governo, empresas, mídia, etc. com certeza acabaremos de uma vez com a proliferação do trafico de drogas e seus efeitos terminais em nossas comunidades.
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8. Considerações finais
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TM: Acreditado na esperança de um dia ser visto pela sociedade como um indivíduo que através da arte promoveu cidadania com as ações desenvolvidas pela música, pela capoeira e pela publicidade. Acredito que ainda posso dar de mim para fazer fluir novos atores com mais consciência política e acima de tudo com caráter.
A capoeira me deu tudo que eu quis na minha vida, e o melhor de tudo foi saber que lutar através da capoeira contra todos os tipos de discriminação nesta sociedade que ainda não nos enxergam como seres humanos foi a maior vitória da minha vida. Saber que através da capoeira coloquei um aluno (Eder, na capoeira Dimenor) no filme BESOURO fazendo o papel de Besouro ainda na infância, e colocar outro no filme Capitães de Areia, isto é mais que gratificante e isto é fazer movimento negro, ou seja, é colocar o negro em movimento.
Como presidente da Associação Sócio-Cultural e de Capoeira Bloco Carnavalesco Afro Mangangá eu só tenho agradecer pela oportunidade. Espero poder participar das palestras principalmente falar sobre a musicalidade e a cultura negra, será um maior prazer.
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Obrigado,
Salve camará!!!
Tonho Matéria


* Anderson Rabelo é estudante da UNEB Campus I (Salvador) e Executivo Estadual da ExNEL - Executiva Nacional de Estudantes de Letras gestão 2009/2010.

Dia da Consciência Negra por Anderson Rabelo*

Dia da consciência negra

Vinte de novembro, dia da consciência negra. Próximo ano será feriado, isso é válido? Conversando com uns colegas outro dia, tive a oportunidade de ouvir a infeliz frase: “Vou ficar negão no dia da consciência negra em homenagem!”. Creio que com isso, não precisaria escrever mais nada. Neste texto dito por meus colegas, está implícito que não é de um feriado que necessitamos, mas medidas reais de conscientização nas escolas e universidades. Deveria ser sim, aprovado um projeto de lei em que as escolas tivessem a obrigação de promover semana cultural da consciência negra. Ao movimento negro – que me desculpem a falta de informação se estiver sendo desinformado neste texto – caberia despertar realmente para este dia e não apenas aparecerem nos momentos-chave, à mídia brasileira, está na hora de revelar verdadeiramente a cultura negra no país e não levar um negro estereotipado, donos de apenas uma cultura quando a África é um continente imenso e de culturas diversas. As universidades – e a Universidade do Estado da Bahia sai na frente com a sua proximidade com a causa negra realizando o seminário “É coisa de preto” em Salvador e “Santo Antônio Negro” em Santo Antônio de Jesus – deveriam abrir espaços para discussões mais aprofundadas sobre o negro no Brasil e toda a questão histórica que desemboca no discurso que diz que temos uma dívida com o passado. Fica a problemática: “até que ponto?” (e que fique claro que essa pergunta é apenas uma problemática, não uma opinião formada)
Não é de mais um feriado que nós precisamos, precisamos sim de maior atenção e assistência. Vivemos uma época em que muitos brasileiros são apáticos à política, a todos os movimentos em geral e nós somos um povo criativo. Não devemos desperdiçar nossa criatividade em ócio, mas sim em transformar nossa apatia em simpatia e construir juntos. Pense nisso.


*Anderson Rabelo
Estudante de Letras da Universidade do Estado da Bahia
Executivo Estadual da ExNEL (Executiva Nacional dos Estudantes de Letras)

MOÇÃO DE REPÚDIO A VIOLÊNCIA E A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Salvador 04/01/2010

MOÇÃO DE REPÚDIO A VIOLÊNCIA E A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Nosso Repúdio a repressão racista e preconceituosa dos Policiais da13º Delegacia de Policia de Cajazeiras 10 e ao sensacionalismo doPrograma de Televisão NA MIRA, um caso de saúde pública em nossacidade.No último dia 01/02/2010, pela manhã, foi invadida a Comunidade Rastafári emCajazeiras 10. A terra é ocupada há mais de oito anos e há pouco tempotornou-se uma Comunidade de confraternização e louvor a JAH (DEUS). O queantes era violento e inabitado, agora é um local de se fazer arte, poesia,rezar, tocar reggae e receber os amigos. O local foi transformado,assim como a vida de alguns daqueles que quem freqüentam a comunidade. Através da fé muitosvivem hoje uma outra vida, envolvidos na luta pela organizaçãocomunitária e a fomentação de PROJETOS SÓCIOS-CULTURAIS no bairro de Cajazeiras.Como se não fosse suficiente a forma RACISTA E INTOLERANTE como invadiram as casas dos moradores, sem nenhum mandato de busca e apreensão, a polícia, retornoudurante à tarde para fazer a apreensão de dois pés de GANJAH (maconha), queestavam sendo cultivados, para consumo próprio na casa de ROBSON SILVA DOS SANTOS, um dos membros da Comunidade rasta. Para os rastas a GANJAH serve como elo de ligação ao divino, que se dá nos rituais onde se utiliza a erva. Apesar de terem visto a erva pela manhã, os policiais esperaramo momento em que pudessem chamar a equipe de reportagem do Programa NAMIRA, para só então, efetuarem uma inescrupulosa invasão a casa,fazendo uma verdadeira cena de teatro bizarro e proporcionando umaverdadeira humilhação em público ao morador da casa e a suaesposa, colocando-os no chão e os tratando de uma forma violenta e aterrorizadora. O medo e a humilhação foi tão grande que a senhora, esposa deROBSON SILVA DOS SANTOS, que também foi detida e liberada em seguida, urinou-se. Para completar a cena, os policiaisderam tiros para cima para simular uma troca de tiros com bandidos.Nosso amigo, irmão, músico, marceneiro, trabalhador, casado, comendereço fixo e RASTA, foi exposto como um criminoso. O repórterque fazia a cobertura do fato, não se preocupou em saber a origem ou significado da cultura rastafari como segmento religioso, nem tão pouco, com as palavras ofensivas que utilizou depondo contra o direito a liberdade de culto como garante a constituição federal do Brasil de 1988*.


*“A Constituição Brasileira consagrou de forma inédita que os direitose garantias expressos na Constituição "não excluem outros decorrentesdo regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratadosinternacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte."(art. 5°, § 2°). Assim, os direitos garantidos nos Tratados deDireitos Humanos ratificados pelo Brasil integram a relação dedireitos constitucionalmente protegidos. A Constituição Federalconsagra como direito fundamental a liberdade de religião,prescrevendo que o Brasil é um país laico. Com essa afirmação queremosdizer que, consoante a vigente Constituição Federal, o Estado deve sepreocupar em proporcionar a seus cidadãos um clima de perfeitacompreensão religiosa, proscrevendo a intolerância e o fanatismo. Deveexistir uma divisão muito acentuada entre o Estado e a Igreja(religiões em geral), não podendo existir nenhuma religião oficial,devendo, porém, o Estado prestar proteção e garantia ao livreexercício de todas as religiões.A Constituição Federal, no artigo 5º, VI, estipula ser inviolável aliberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercíciodos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aoslocais de culto e as suas liturgias.”
Não podemos esperar que a consciência desses cidadãos fale por si, precisamos garantir que se faça valer os Direitos Humanos neste pais.O Programa NA MIRA, exibido na TVARATU, por volta das 13hs (treze horas), de segunda a sexta, expõe de forma desrespeitosa a imagem das pessoas e garante antecedência, aos olhos da sociedade, a condenação de todos e todas que prestam esclarecimento em uma delegacia.
O nosso companheiro ROBSON SILVA SANTOS foi mais um quepossibilitou enxergarmos, com atenção, o preconceito e o crime deintolerância religiosa que se cometeu no programa citado. Ao mencionar,de forma pejorativa, o Movimento Rastafári, um segmento religioso, quemerece o mesmo respeito que estabelece nas suas relações com qualquersegmento social ou religioso existente mundo,o programa desrespeitou a declaração universal dos direitos humanos no qual o Brasil é signatário.
DUDH - Art: 9º - Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
DUDH – Art 11º Toda pessoa acusada de um ato delituoso, tem o direito de ser presumida inocente, até que sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei em julgamento público, no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa.
Ninguém pode ser condenado por atos ou omissões, no momento em que forem cometidos não tenham sidos delituosos, segundo o direito nacional ou internacional. Tão pouco será imposta a penalidade mais gravea do que a aplicável no momento em que foi cometido o delito. Acreditamos no bom senso das autoridades do nosso estado, e por via delas buscamos comprovar a inocência do nosso irmão ROBSON SILVA SANTOS, que não é nunca foi e nunca será traficante de drogas. Sabemos da importância e o respeito com se dedica ao seu culto religioso e não aceitamos que o transformem em um criminoso.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Negro ou Branco: Cotas quem pode e quem não? Por que sim e por que não?

Em 6 de junho de 2007 a revista (não) Veja trouxe na capa a foto dos irmãos gêmeos idênticos Álex e Alan. Segundo matéria que segue um pequeno trecho abaixo, os dois prestaram vestibular e buscaram o sistema de cotas, porém, um foi considerado negro e outro branco. Por quê? Como assim?
São gêmeos. São gêmeos idênticos. A falha aconteceu e serviu como pano de fundo para uma matéria tendenciosa que tentava mostrar assim que qualquer um branco poderia ser considerado negro e qualquer negro branco. É fato que houve erro. É fato que não como medir a cor tencidade de cor de pele de cada ser humano brasileiro. Porém, a matéria foi usada e repercutiu naquele ano como uma tentativa de barrar as cotas. Se era tão rico em falhas, como prosseguir adiante?
Porém as cotas seguiram a diante e hoje comprovadamente os ingressante por via das cotas diferente do que se previa, tem desempenho tão bom quanto muitos que não ingressam pelo sistema de cotista. O erro não voltou a se repetir (não dessa forma grotesca, uma vez que Alan e Álex são idênticos) e hoje, as cotas voltam ao centro das discussões. O Democratas - partido neo-liberal e filhote da ditadura militar brasileira entrou com ação questionando as cotas raciais. Foi criado um manifesto com assinatura de intelectuais de diversas áreas a exemplo de Ruth de Souza, atriz e João Ubaldo Ribeiro - pseudo imortal da Academia Brasileira de Letras. O senador Demostenés Torres tem cada vez mais ido à mídia bater nas cotas e tentar desmontar o sistema que ele entende e prega ser racista e mais excludente.
Segundo matéria da VEJA Frei David teria 68,2% de africanidade e 30,8% de européia e 1% de ameríndia.

O que o senador Demostenés Torres não aceita e nem quer ver é que há resultado no sistema de cotas. Que há avanços nessa política e que como muitas outras carece de aprimoramento e ser acertada.
A defesa das cotas se dar por entendimento que de fato é acertada essa polítca, não é excludente e racista como pregam alguns, como os membros do Partido Democratas e tem muito a ser aprimorada e servir de referência como política reparatória.
Atleta Daiane dos Santos, segundo VEJA 39,4% africanidade, 40,8% européia e 19,5 ameríndia.
Alagoano, cantor e compositor Djavan apareceu com 65% africano e 4,9 ameríndia e 30,1% européia.

Quem é negro? Quem não é? Quem saberá?

A respeito da discussão sobre cotas raciais a Revista (não) VEJA de 6 de junho de 2007 trouxe uma polêmica matéria onde na capa, dois gêmos identicos teriam sido classificados na UnB como sendo um negro e outro branco. Para complemento dessa matéria a revista trouxe um panoramo com personalidades negras onde media-se o quanto de africanidade cada um desses expoentes da raça negra (conhecidos na música, futebol e TV) possuiam.
Milton Nascimento, cantor e compositor apareceu como um dos mais negros com 99,3% de africanidade e 0,3% amedindia e 0,4% européia. A matéria trouxe ainda Neguinho da Beija Flor (puxador de samba e compositor) com 31,5% de africanidade; o jogador Obina com 61,4%; o cantor e compositor Seu Jorge com 85,1% e a cantora Sandra de Sá com 96,8% de africanidade. A matéria tinha como intuito debater e questionar quem são os negros e as negras realmente em nosso país. Uma tentativa nada disfarçada da (não) VEJA de trazer de volta aquele velho e falso debate de que somos um país maravilhosamente miscegenado. Que há mistura de negros e índios, brancos e negros e índios e brancos, isso sabemos, mas os fatores não foram de harmoniosa vontade de mistura de raças como sempre se tentou pregar em nossa recente história.
Neguinho da Beija Flor - 31,5% de ascendência africana, 1,4% de ameríndia e 67,1 de européia.
Jogador Obina - 61,4% de africana, 25,4% de ameríndia e 13,2 de européia.
Seu Jorge, cantor e compositor - 85,1% de africana, 2% de ameríndia e 12,9% de européia.
Sandra de Sá - cantora, 96,8% de africana, 1,1% de ameríndia e 2,1% de européia.

E você quanto tem? Comprou o seu "colorimetro"?

COTAS RACIAS OU SOCIAIS?

Cada vez mais a discussão de COTAS tem tomado conta dos noticiários e rodas de discussões. Para além do debate antigo das cotas raciais, eis que tomou proporção o de cotas sociais. Que nada mais é que uma tentativa de mascarar um problema antigo.
A grande discussão e questão é a reparação racial, uma vez que o povo negro aqui chegou escravo, permaneceu escravo e depois da promulgação da "liberdade" em 13 de maio, foi obrigado a permanecer nas fazendas (senzalas) e/ou partirem para o que hoje conhecemos como as favelas do Brasil. Antes senzala, depois favela. A essa população foi renegado durante muito, muito tempo o direito à educação básica e com a expansão das Universidades ainda assim o acesso de negros e negras foi e ainda é pequeno.
As cotas vem com o intuito de reparar esse erro histórico, não se trata como alguns dizem de presentear aos negros e as negras e ser ainda mais racistas para com os/as memos/as.
A foto pergunta, "cotas raciais por que sim?", a resposta é essa que todos/as conhecem mas fingem não saberem e deturpam. As cotas raciais são para efeito de reparação e garantir o acesso de negros/as às Intituições de Ensino Superior do país, porém, para além de garantirmos o ingresso é preciso com política de assistência estudantil eficiente que se garanta a permanência dos cotistas, pois bom desempenho, é provado e sabido que os/as mesmos/as possuem. Agora é necessário que os/as mesmos/as permanecem para concluirem os seus estudos.